quarta-feira, 27 de julho de 2011

Ética na comum - unidade.


A confusão que acontece entre as palavras Moral e Ética existem há muitos séculos. A própria etimologia destes termos gera confusão, sendo que Ética vem do grego “ethos” que significa modo de ser, e Moral tem sua origem no latim, que vem de “mores”, significando costumes.
Esta confusão pode ser resolvida com o esclarecimento dos dois temas, sendo que Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em sociedade, e estas normas são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo cotidiano. Durkheim explicava Moral como a “ciência dos costumes”, sendo algo anterior a própria sociedade. A Moral tem caráter obrigatório.
Já a palavra Ética, Motta (1984) defini como um “conjunto de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive, garantindo, igualmente, o bem-estar social”, ou seja, Ética é a forma que o homem deve se comportar no seu meio social.
A Moral sempre existiu, pois todo ser humano possui a consciência Moral que o leva a distinguir o bem do mal no contexto em que vive. Surgindo realmente quando o homem passou a fazer parte de agrupamentos, isto é, surgiu nas sociedades primitivas, nas primeiras tribos. A Ética teria surgido com Sócrates, pois se exigi maior grau de cultura. Ela investiga e explica as normas morais, pois leva o homem a agir não só por tradição, educação ou hábito, mas principalmente por convicção e inteligência. Vásquez (1998) aponta que a Ética é teórica e reflexiva, enquanto a Moral é eminentemente prática. Uma completa a outra, havendo um inter-relacionamento entre ambas, pois na ação humana, o conhecer e o agir são indissociáveis.
Em nome da amizade, deve-se guardar silêncio diante do ato de um traidor? Em situações como esta, os indivíduos se deparam com a necessidade de organizar o seu comportamento por normas que se julgam mais apropriadas ou mais dignas de ser cumpridas. Tais normas são aceitas como obrigatórias, e desta forma, as pessoas compreendem que têm o dever de agir desta ou daquela maneira. Porém o comportamento é o resultado de normas já estabelecidas, não sendo, então, uma decisão natural, pois todo comportamento sofrerá um julgamento. E a diferença prática entre Moral e Ética é que esta é o juiz das morais, assim Ética é uma espécie de legislação do comportamento Moral das pessoas. Mas a função fundamental é a mesma de toda teoria: explorar, esclarecer ou investigar uma determinada realidade.
A Moral, afinal, não é somente um ato individual, pois as pessoas são, por natureza, seres sociais, assim percebe-se que a Moral também é um empreendimento social. E esses atos morais, quando realizados por livre participação da pessoa, são aceitas, voluntariamente.
Pois assim determina Vasquez (1998) ao citar Moral como um “sistema de normas, princípios e valores, segundo o qual são regulamentadas as relações mútuas entre os indivíduos ou entre estes e a comunidade, de tal maneira que estas normas, dotadas de um caráter histórico e social, sejam acatadas livres e conscientemente, por uma convicção íntima, e não de uma maneira mecânica, externa ou impessoal”.
Enfim, Ética e Moral são os maiores valores do homem livre. Ambos significam "respeitar e venerar a vida". O homem, com seu livre arbítrio, vão formando seu meio ambiente ou o destruindo, ou ele apóia a natureza e suas criaturas ou ele subjuga tudo que pode dominar, e assim ele mesmo se torna no bem ou no mal deste planeta. Deste modo, Ética e a Moral se formam numa mesma realidade.
Questionar: de onde veio? Quem a ditou? Por quê? Com que fim? A resposta dos transcendentalistas é que ela é heterônoma, isto é, veio de fora do "eu". Deus seria o autor da norma. Liga-se, assim, Filosofia e Religião. Para os cristãos, as normas éticas estão centradas nos Dez Mandamentos; a resposta dos imanentistas é que ela é autônoma, isto é, surge das tensões das circunstâncias

Segundo Sócrates, o ethos verdadeiro é agir de acordo com a razão, que se eleva acima do consenso da opinião da multidão, para atingir o nível da objetividade própria do saber demonstrativo. A autonomia, assim, não se realiza na solidão, mas se consolida pelo contato entre os seres humanos.


A reflexão sobre o ethos leva-nos à prática do amor. O verdadeiro exercício do amor longe está das proibições e interdições de que a moral propõe. É uma autodeterminação que envolve a autonomia da vontade na busca da atualização do ser. Assim, não é agir de qualquer jeito, mas de forma ordenada, generosa, que promova a pessoa e os direitos do outro, sobretudo quando esses direitos são espezinhados.
O comportamento ético não consiste exclusivamente em fazer o bem a outrem, mas em exemplificar em si mesmo o aprendizado recebido. É o exercício da paciência em todos os momentos da vida, a tolerância para com as faltas alheias, a obediência aos superiores em uma hierarquia, o silêncio ante uma ofensa recebida.
Telma Vinha, fala em uma de suas pesquisas que a pergunta da Moral é: Como devo agir?
A moral se coloca na dimensão da obrigatoriedade, do dever. A pergunta da Ética é: Que vida viver? A Ética se coloca no lugar da desejabilidade, da excelência, da felicidade.

Olhando para os valores morais
Não basta somente ter o juízo moral - condição
Necessária, é preciso querer agir de acordo com os princípios/regras. È preciso que esse conhecimento se torne valor para o sujeito.
 Valor? Dimensão afetiva - morais e não morais.
Seguir valores implica em um “querer” muito forte...
_ conflito entre os “quereres”
_ sentimento de obrigação
_ regulação dos afetos
_ sensação de “bem estar”
_Como os valores se constroem?
_Processo de desenvolvimento – “ações automatizadas” = senso moral (consciência?)
_ adultos
“Ser valor”
Superação do sentimento de inferioridade – expansão
de si (Adler)
Como eu me vejo – a construção de imagens de como eu
sou –representações de si
O que eu admiro o que eu me envergonho, o que me satisfaz,
do que sinto culpa... tudo isso formam a imagem que eu tenho de mim mesmo, ou seja, de como eu me vejo e de como eu quero ser vista
A personalidade é um conjunto de representações de si –
valores morais e não morais (princípios)
“Quero que me vejam como profissional competente” generoso, justo, vencedor, elegante, sexy, bonito.
Enfim, Ética e moral
Sentir-se mal quando não generoso e justo.
Obs. sobre a ética
Quem eu quero ser, mas quando leva o outro em consideração (no sentido de alter - constituinte de mim).
Se refere à construção do bem comum, ou seja, a felicidade -
“vida boa”- felicidade para a cidadania no exercício dos direitos e na criação de novos direitos - “felicidadania”.
Moral e ética - Somente terei restrição a minha liberdade se fizer sentido num projeto de vida, numa vida que vale a pena ser vivida.

“Culpa e vergonha, aliados a um juízo moral competente, não são frutos de construções psíquicas que nascem do vazio, mas sim do convívio numa comunidade que cultiva valores morais e
éticos, proibições, ideais e virtudes”
La Taille (2002)
REFERÊNCIA
SILVA, José Cândido da; SUNG, Jung Mo. Conversando sobre ética e sociedade. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2000.
CAMARGO, Marculino. Fundamentos da ética geral e profissional. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1999.
VÁSQUEZ, Adolfo Sánchez. Ética. 18. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.
GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução à Ciência do Direito. Rio de Janeiro: Forense, 1972.
 VENOSA, Sílvio de Salvo. Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Atlas, 2004.
MOTTA, Nair de Souza. Ética e vida profissional. Rio de Janeiro: Âmbito Cultural, 1984.
VINHA, Telma 1º Simpósio do Comitê de Ética em e desenvolvimento moral Pesquisa da Universidade de Franca
Me avalio em 8.0 por toda construção que esse módulo proporcionou na minha vida. Posso dizer que realmente estou em construção, pois ainda não terminei o caminho.

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